A produção de chocolate muitas vezes esconde uma verdade literalmente amarga. As multinacionais do chocolate ainda fazem uso da exploração do trabalho infantil para lucrarem tanto. Hoje em dia muitas crianças ainda são tratadas como escravas e forçadas a trabalhar em condições precárias. Em setembro de 2015, foi arquivado um processo contra algumas empresas bem famosas – entre as quais estão nomes conhecidos, como Mars e Nestlé – que, para a produção de seus chocolates, financiam o trabalho escravo de crianças na África Ocidental, de onde provêm dois terços do cacau utilizado no mundo.
As ações judiciais contra as empresas foram impetradas pela Hagens Berman Sobol Shapiro, sustentando que as gigantes do chocolate tendem a fechar os olhos para as violações dos direitos humanos por parte dos fornecedores de cacau na África Ocidental, sem nenhum problema. Estas empresas enganam os consumidores, porque elas se apresentam como socialmente e eticamente responsáveis, quando na verdade sabem que o cultivo e a colheita de cacau têm lugar em condições desumanas.
De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Tulane, mencionado na denúncia, na Costa do Marfim, mais de 4 mil crianças estão em condições de trabalho forçado para a produção de cacau. Algumas crianças são vendidas para traficantes pelos seus pais desesperados por causa da pobreza, enquanto outras são sequestradas. Os comerciantes de escravos, por suas vezes, vendem as crianças para os donos das plantações de cacau.
As crianças são forçadas a viver em lugares isolados, são ameaçadas com espancamentos, ficam presas inclusive durante a noite para que não fujam e são forçadas a trabalhar por longas horas, mesmo quando estão doentes, de acordo com as denúncias apresentadas às empresas. As crianças carregam sacolas tão grandes e pesadas, que as colocam em risco de ferimentos graves. A idade das crianças escravizadas varia de 11 a 16 anos, mas também pode haver crianças com idade inferior a 10 anos.
Para aumentar a conscientização do consumidor, a Hagens Berman Sobol Shapiro publicou uma lista das empresas que exploram crianças para a produção de cacau e chocolate, para que os cidadãos preocupados com este problema possam evitar a compra de seus produtos.
– Hershey
– Mars
– Nestlé
– ADM cocoa
– Guittard Chocolate Company
– Godiva
– Fowler’s Chocolate
– Kraft
Já em 2001, nos Estados Unidos, a FDA havia solicitado o rótulo “slave free” nos chocolates produzidos sem a exploração do trabalho infantil, mas as multinacionais se opuseram e antes da legislação ser votada, a indústria do chocolate – incluindo a Nestlé, a Hershey e a Mars – usou o seu dinheiro para barrar seu andamento, prometendo acabar com o trabalho escravo infantil das suas empresas até 2005. Este prazo tem sido repetidamente adiado, sendo a nova meta até 2020.
Infelizmente, nesse meio tempo, entre 2009 e 2014, o número de crianças que trabalham no setor do cacau aumentou em 51%.
A US Uncut também publicou uma lista das empresas de chocolate que decidiram evitar a exploração do trabalho infantil.
– Clif Bar
– Green and Black’s
– Koppers Chocolate
– Denman Island Chocolate
– Gardners Candie
– Montezuma’s Chocolates
– Newman’s Own Organics
– Kailua Candy Company
– Omanhene Cocoa Bean Company
– Rapunzel Pure Organics
– The Endangered Species Chocolate Company
– Cloud Nine
O trabalho escravo pode estar em qualquer cadeia produtiva. O investimento na educação de crianças, junto com informação, conscientização, e a denúncia são as melhores armas contra este crime. Para saber mais sobre a exploração ligada à produção de cacau e chocolate, veja o documentário O Lado Negro do Chocolate.
Veja também o documentário “Slavery: A Global Investigation (Escravidão: Uma Investigação Global)” que entrevistou crianças libertadas.