
Foto: Sandro Alves
Em qualquer ambiente de trabalho é importante estudar as condições físicas e ambientais para que se garanta o bem-estar e condições de segurança dos trabalhadores no seu ambiente de labor. Em muitas lavanderias hospitalares, os funcionários estão expostos a riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.
Debater sobre este tema torna-se necessário à medida que se constitui em um importante instrumento para o trabalhador desempenhar suas atividades com segurança e qualidade, obtendo, como consequência, uma melhor qualidade de vida no trabalho e oferecendo maior produtividade.
A preocupação com a questão da saúde dos trabalhadores hospitalares no Brasil iniciou na década de 70, quando pesquisadores da Universidade de São Paulo enfocaram a Saúde Ocupacional desses profissionais. Nesse momento verificou-se que grupos ocupacionais de trabalhadores hospitalares relataram queixas de doenças relacionadas com o processo de trabalho, tais como: doenças infectocontagiosas, lombalgias, doenças alérgicas, fadigas e acidentes do trabalho.
Também foi constatado que as dores nas costas representam um sério e expressivo problema para os trabalhadores de lavanderia hospitalar. Atribuindo como nexo causal para as lombalgias o transporte e a movimentação de cargas, a postura inadequada e estática, mobiliário e equipamentos também inadequados.
Além dos riscos, é exigido desse trabalhador alta produtividade em tempo limitado, sob condições inadequadas de trabalho, sendo estas relacionadas ao ambiente e aos equipamentos. Essas condições acabam levando a insatisfações, cansaços excessivos, baixa produtividade, problemas de saúde e acidentes do trabalho.
O sistema de lavagem industrial é um serviço que requer grande esforço físico e contato com substâncias químicas. Deve-se ter cuidado ao lidar com essas substâncias, pois elas estão presentes no ambiente em forma de líquidos, gases, vapores, poeiras e sólidos, podendo provocar doenças. A preocupação com o conforto térmico também é evidente e fundamental nas lavanderias, uma vez que a exposição do trabalhador na execução de tarefas em altas temperaturas pode causar doenças tais como a hipertermia, exaustão, desidratação, câimbras e choque térmico.
As consequências dessas exposições podem afetar diretamente os trabalhadores, atingindo-os em seus aspectos físicos e psicológicos e, ainda, pode repercutir nas relações familiares e sociais.
As cargas de trabalho a que estão expostos os trabalhadores, quais sejam: químicas, físicas, fisiológicas, biológicas, psíquicas, mecânicas, geram processo de desgaste e os acidentes de trabalho são as mais visíveis mostras desse desgaste. Além destes fatores devem ser destacados a falta de infraestrutura adequada, a escassez de treinamento em serviço, a falta de conhecimento de modos de prevenção, entre outros.
Pesquisa
Para analisar a ocorrência dos acidentes do trabalho é necessário conhecer o processo e as principais cargas a que se submetem os trabalhadores. Para este fim foram delimitados os seguintes objetivos: identificar, no âmbito da saúde do trabalhador, quais os riscos ocupacionais a que estão expostos os funcionários da lavanderia hospitalar de um hospital localizado no município de Vitória, no Espírito Santo/ES; avaliar o nível de satisfação no trabalho segundo percepção do trabalhador.
Um dos métodos de avaliação das sensações subjetivas de desconforto e dor mais utilizados na Ergonomia é a aplicação do Diagrama Adaptado de Corlett e Manenica. O questionário auxilia no mapeamento das áreas e intensidade dos desconfortos sentidos pelos funcionários ao final da jornada de trabalho. O diagrama é uma inquirição gráfica. Na folha de respostas há o desenho do corpo humano subdividido em áreas onde o inquirido irá apontar as dores sentidas.
Os resultados da pesquisa foram divididos em três etapas. A primeira aborda o perfil dos trabalhadores e suas condições de trabalho. A segunda apresenta a percepção dos trabalhadores em relação ao seu ambiente de trabalho, em que são analisados os níveis de satisfação em relação à integração social, condições de trabalho, saúde e participação. Por último foi aplicado o Diagrama Corlett e Manenica com a finalidade de mapear os desconfortos sentidos pelos usuários.
Em relação ao perfil dos trabalhadores analisados foi identificado que 84% têm mais de 35 anos. Quanto ao nível de escolaridade, 42% não têm o ensino fundamental completo. O Mistério da Saúde ressalta que a qualificação do pessoal possibilita o uso de equipamentos e processos inovadores, reduzindo o custo operacional e otimizando o espaço. A exigência em torno da qualificação se dá em virtude das informações referentes às prescrições das tarefas, que necessitam ser lidas e entendidas por quem irá executá-las.
Quanto aos possíveis riscos que o ambiente de trabalho pode oferecer aos trabalhadores, foram identificados, a partir da percepção dos trabalhadores, a existência dos riscos físicos, biológicos e ergonômicos. No box Riscos em lavanderias hospitalares pode ser conferida a descrição de como foi identificado cada um deles.
Quando questionados sobre a existência de risco na utilização dos equipamentos de trabalho, os entrevistados apontaram a máquina de lavar e a secadora como os equipamentos que representam maior risco, ambos com 41% cada. Em seguida aparece o carro de transporte, com 9%.
Autor: Sandro Alves da Silva
Confira o artigo na íntegra na Edição 223 da Revista Proteção
A materia é muito interessante, porque muitas revistas esquece o setor da lavanderia.
É sempre bom lembrar dos profissionais que atuam na área de saúde, pois em alguns municípios, ou em quase todos os municípios do Brasil passam por sérios problemas de doenças.
Abraço.
Muito esclarecedor o assunto abordado , parabéns.
Gosto muito da Revista PROTEÇÃO.
Parei de assinar pois fiquei sem tempo de ler…Costumo exmplificar em minhas aula de ergonomia com seus artigos. E agora recorrir para buscar dados sobre riscos em lavanderia hospitalar (para o doutoramento) e veja que ótimo!
Obrigada pela seriedade e qualidade do material apresentado!
Quero um exemplar deste número para minha pesquisa de doutorado em andamento. Tenho certa urgengia. É possível?
Sucesso a toda equipe da revista. Vânia Batalha
BOM DIA!
SOU ERGONOMISTA E ME DEPAREI COM UMA SITUAÇÃO QUE NÃO CONSIGO RESOLVER.
FIZ ANÁLISE ERGONÔMICA EM UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL E, A SECADORA TEM UMA ALTURA BOA PARA OS TRABALHADORES RETIRAREM AS ROUPAS, PORÉM, A PROFUNDIDADE É MUITO GRANDE, CAUSANDO UMA GRANDE FLEXÃO DO QUADRIL AO RETIRAR AS ROUPAS. MESMO SENDO O TEMPO DE EXPOSIÇÃO PEQUENO, NA ANÁLISE ESTÁ DANDO RISCO VERMELHO. NÃO CONSIGO ENCONTRAR UMA SOLUÇÃO, JÁ QUE MODIFICAR A MÁQUINA SERIA UM CUSTO MUITO ALTO PARA A EMPRESA. VCS PDERIAM ME AJUDAR?
OBRIGADA!
MAÍRA
Parabéns pela matéria, bastante esclarecedora.
Ótimo artigo, usarei para meu trabalho de Lavanderia.
Obrigado !