domingo, 29 de junho de 2025

Problemas respiratórios afetam trabalhadores da indústria de cal

Data: 12/09/2011 / Fonte: Paraná Online

A pele rapidamente muda de cor, as roupas são cobertas por uma densa camada de poeira branca. Os olhos e a boca ressecam. O calor produzido pelos fornos que tomam conta do ambiente é intenso. Transforma as grandes salas em saunas. O suor que escorre do rosto vira uma pasta branca. Pequenas lesões por queimadura são comuns em todos que ali trabalham.

O ambiente insalubre, tomado por uma névoa tóxica, é o local de trabalho de milhares de pessoas. Um exército formado por indivíduos mais simples, que se dispõe a um dos trabalhos mais degradantes e condições inaceitáveis.

O equipamento de segurança fornecido pelas empresas responsáveis pelos fornos não é o mais adequado, tampouco o mais seguro. As normas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) são descumpridas em todos os quesitos. Apesar de representantes do setor alegarem que mudanças estão à vista a realidade é outra.

Durante 12 horas o trabalhador responsável por alimentar os gigantes insaciáveis aspira quantidades absurdas de pó. A longo prazo, quem fica exposto neste ambiente pode ser afetado por doenças pulmonares, entre elas enfisema pulmonar.

As mucosas do nariz e da boca são as primeiras barreiras a sofrerem retrações pela cal. É comum os trabalhadores terem problemas respiratórios como rinite, reversível para aqueles que param de trabalhar diretamente com os fornos e a poeira. A poeira da cal é altamente corrosiva, ainda mais quando em contato com a umidade.

As roupas de proteção não são as mais adequadas, muitos usam camisas de flanela e calças jeans, além dos sapatos mais velhos e surrados para a labuta diária. O equipamento de proteção adequado não é a principal preocupação dos proprietários. A mão de obra é considerada descartável. Essa realidade para Elver Morante, médico do Ministério Público do Trabalho (MPT), não é incomum neste ramo. Os investimentos por parte das empresas não condiz com a realidade encontrada nestes fornos. “Se este fosse um País sério, todas estas empresas deveriam ser fechadas”, completa o médico.

Mas isto está longe de ocorrer. Além dos problemas de saúde dos trabalhadores, o meio ambiente também sofre, muito do que é produzido fica em suspensão no ar. Levada pelo vento, a poeira pode atingir casas e pessoas distantes quilômetros das fábricas brancas. No entanto, este problema tem sido contornado, ao menos é o que defende a Associação dos Produtores de Derivados do Calcário (APDC).

Segundo representantes da categoria, há dez anos medidas de prevenção têm sido tomadas no intuito de minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente. Mas as medidas de proteção coletivas não são realizadas.

3 COMENTÁRIOS

  1. eu sei muito bem a realidade desses trabalhadores porque fiz estagio em uma empresa de calcário,
    e realmente e difícil o trabalho por causa do pó e grande e dificulta a respiração ,fora a alergia que causa .

  2. trabalho numa fabrica de cal para construcao civil,ha muito poeira,por mais que usemos epis ,ainda os granulos passam ,isso gera insalubridade,pornao manipulamos ,mas cabricamo,s tais produtos,esse beneficio esta sendo negado a nos pela empresa que nunca pagou um centavo a mais,as vezes nem filtro de mascara tem no almoxarifado ,fazendo com que nos trabalhemos com filtros sujos e vencidos,sem dizer o po que a fabrica solta no ar porque as vezes nao tem filtros no almoxarifado ,muitos adoeceram por causa do po,relato aqui minha insatisfacao e duvida ,todos que trabalhamos ,temos direito a insalubridade que eles nao querem pagar

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