Por Nícolas Suppelsa / Repórter da Revista Proteção com informações de Sindipetro-NF e Agência Brasil
O Sindipetro-NF obteve junto à Petrobrás, na manhã de hoje, uma atualização do quadro de saúde dos petroleiros vítimas do acidente na plataforma PCH-1, no último dia 21. Neste momento, 8 trabalhadores seguem internados, 4 deles em UTI, no Hospital da Unimed de Macaé. Um dos petroleiros que está em quarto tem previsão de alta para hoje, aguardando parecer ortopédico por ter sofrido entorse e rompimento.
O coordenador-geral do sindicato, Sérgio Borges Cordeiro, explica que 176 trabalhadores estavam a bordo da plataforma na manhã de segunda (21), quando ocorreu o incêndio. Trinta e duas desembarcaram, 14 sofreram queimaduras. As demais precisaram de atendimento porque inalaram fumaça.
Todos são considerados “estáveis” pela equipe médica. Os quatro que estão em UTI estão sendo mantidos “em cuidados de lesões e analgesia”. O caso mais grave, que é o do petroleiro que foi resgatado no mar, possui queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus, além de politraumatismo. Os demais tratam lesões causadas por queimaduras de primeiro e segundo graus.
“Os relatos iniciais dos trabalhadores indicam que alguns estavam se preparando para desembarcar da plataforma quando aconteceu a explosão. E eles ficaram sem saída, cercados pelo fogo, e ao sair do local, acabaram se queimando”, disse o coordenador à reportagem da Agência Brasil.
“Eles acreditam que o fogo começou no segundo ou terceiro deck, pelo barulho da explosão e direção do fogo. Mas não conseguem dar um relato muito preciso, porque não tinha ninguém muito perto. O que se sabe é que o incêndio se alastrou muito rápido, e atingiu o casario logo na sequência, que é a área onde os trabalhadores ficam, nos camarotes e espaços de convivência”, complementa.
Condições de trabalho
O sindicato denuncia que as condições das plataformas na Bacia de Campos estão precárias.
“Muitas plataformas têm equipamentos enferrujados e passarelas interditadas. A plataforma PCH-1 estava bem ruim mesmo. Apesar de ela não estar produzindo, ela ainda servia como plataforma de bombeio de gás. Ela ainda recebia gás de outras unidades e o bombeava”, diz Sérgio.
“Falta manutenção e investimento em infraestrutura. Sindipetro-NF tem denunciado esse sucateamento ao longo dos últimos anos, uma prática do governo passado para tentar vender depois”, complementa.
Disse ainda que “8 trabalhadores permanecem internados com quadro de saúde estável, sem gravidade. Os demais já tiveram alta. O sistema de detecção de fogo e gás funcionou adequadamente com o acionamento das válvulas de bloqueio do gás em menos de um minuto. O sistema de dilúvio funcionou e a brigada de incêndio foi acionada, debelando os focos de incêndio localizados. Esta unidade não faz escoamento de gás. O gás que chega em PCH1 é apenas para geração de energia elétrica que, no momento, está sendo suprida por motogeradores a diesel, garantindo a segurança e a habitabilidade da unidade”.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as atividades de exploração e produção de petróleo no país registraram 731 acidentes só no ano passado.
Todas as circunstâncias do acidente, dos resgates e da recepção das vítimas nos aeroportos serão examinadas na comissão de investigação do acidente, que terá como representante do Sindipetro-NF a diretora Bárbara Bezerra, mas as informações preliminares já estão sendo reunidas pela entidade para que sejam tomadas as medidas cabíveis de cobranças e responsabilização.
Advertência
No dia 26 de março deste ano uma Greve de Advertência ocorreu, com pautas reivindicando justamente a cobrança por um ambiente de trabalho que garanta a saúde e a segurança dos trabalhadores, tanto dos empregados da Petrobrás quanto das demais empresas do setor petróleo.
No tópico “Fim dos acidentes, mortes e adoecimentos no Sistema”, do documento com as reivindicações petroleiras protocolado na empresa, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) afirma que “foram 6 fatalidades no Sistema Petrobrás no final de 2024. A empresa tem o dever de garantir a vida e a integridade dos trabalhadores e trabalhadoras que atuam no Sistema Petrobrás, sejam prestadores de serviços ou com vínculo direto.”
Os petroleiros que seguem internados são empregados das empresas Petrobrás, Engeman e Gran. A pedido das famílias, os nomes dos trabalhadores não estão sendo divulgados. Até ontem, dez petroleiros mantinham-se internados. Dois, portanto, tiveram alta médica.
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