quarta-feira, 18 de junho de 2025

Falha mecânica pode ter causado morte de 9 operários na BA

Data: 10/08/2011 / Fonte: G1 BA

Salvador/BA – Duas causas têm sido apontadas de modo preliminar pelo laudo pericial que avalia a queda do elevador que matou nove operários no dia 9 de agsto em Salvador.  De acordo com técnicos da Delegacia Regional do Trabalho, a primeira causa do acidente pode estar relacionada ao desgaste do eixo da roldana que movimentava o elevador. A Construtora Segura, responsável pela obra, nega falta de manutenção ou desgaste da peça.

O laudo aponta que a quebra do eixo fez a cabine despencar. Mas, o elevador poderia ter parado se o freio automático de emergência tivesse funcionado, o que seria a segunda falha mecânica, na avaliação dos técnicos. A perícia preliminar apontou que o elevador percorreu 80 metros em cinco segundos. Quando bateu no chão, o elevador estava a uma velocidade de aproximadamente 140 km/h, segundo os técnicos.

O acidente ocorreu por volta das 7h, na construção do edifício Empresarial Paulo VI, localizado na Avenida ACM, em Salvador. A  obra está interditada e a categoria faz protesto contra o acidente no dia 10, na capital baiana.

O coordenador de análises de acidentes, Anastácio Gonçalves, explica as evidências. “No momento em que o eixo quebrou, o elevador começou a cair, até porque não tinha nada que o sustentasse. Mas tem um mecanismo, que é o freio automático, que segura a cabine em qualquer posição que ela se encontrasse, que também falhou.” Ele comenta ainda que o material já devia ter sido substituído. “O eixo e o freio estão bastante desgastados. Todas as evidências levam para uma falha de manutenção, já que o elevador é muito antigo, é de 1998”, observa.

José Ribeiro, presidente do Sintracom-BA (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira da Bahia), alerta para o mesmo ponto: manutenção. “Uma peça nova dificilmente se romperia. Se tivesse com manutenção com certeza o freio reserva do equipamento teria travado”, comenta. De acordo com Ribeiro, diversos operários relataram que o equipamento já havia apresentado defeito em outras obras.

O auditor fiscal e chefe da Superintendência Regional do Trabalho, Flávio Nunes, afirma que equipes de inspeção averiguam os canteiros de obras com periodicidade. Uma das ações de rotina, segundo ele, é a verificação da condição dos dispositivos de segurança, como medida de prevenção de acidentes. Ele confirma que a hipótese preliminar é de que a falta de manutenção tenha causado o acidente.

“Há indícios, apenas indícios, de que o problema foi ocasionado em função de uma manutenção inadequada, que acarretou no rompimento mecânico de um eixo e, por consequência, o freio não atuou. Aí a gente verifica que houve algumas irregularidades, que supostamente contribuíram para a ocorrência do acidente”, diz.

A obra foi embargada ainda no dia 9, logo após o acidente. Conforme avisa o auditor fiscal, a obra só será retomada após realização da adequação dos requisitos que serão apontados, do ponto de vista da segurança do trabalho. “Interditamos os elevadores, o que é uma prática comum nos canteiros de obra da região, porque colocam em risco a integridade física das pessoas. São acidentes preveníveis, porque a resolução desses problemas está previstas na norma regulamentadora”, explica.

Empresa nega desgaste
O advogado e um dos diretores da Construtora Segura, responsável pela obra, Fernando Magalhães, defende que o eixo não estava desgastado e trabalhava dentro de sua vida útil. Ele conta que, no momento, a preocupação da empresa é com a assistência às famílias vitimadas, no sentido de minimizar as problemáticas. “Tudo o que falarmos aqui talvez seja precipitado. Precisamos fazer algumas análises, verificar efetivamente o que aconteceu. A construtora está fazendo tudo o que está ao alcance dela para ajudar a Delegacia Regional do Trabalho, a peça inclusive foi retirada pela construtora e entregue a um auditor do trabalho”.

Ainda segundo o empresário, a manutenção dos elevadores foi realizada no dia 6 de agosto e dos cabos que sustentam o equipamento há 30 dias. “Com a quebra possivelmente do eixo, a falha no freio veio em seguida. Mas é prematuro sair daqui com uma definição”, completa.

1 COMENTÁRIO

  1. Está tudo errado, por que deixamos para ver as condiçãoes dos equipamentos após o acidente? agora não adianta!!! é para isto que exista as analise preliminar de riscos…. outro fato que devemos citar: cade a fiscalização destas obras? cabe a nossos govrnantes parar de meter a mão onde não deve e ser mais regidos nas cobranças, pricipalmente se tratando de vidas.

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