Por Nícolas Suppelsa / Repórter da Revista Proteção
Ocorreu nesta quarta-feira (19), no Seconci-SP, o Seminário Risco Psicossocial. Em razão da relevância da temática e dos crescentes desafios que envolvem a saúde mental dos trabalhadores nos dias atuais, a Proteção Publicações e Eventos realizou o evento como forma de oferecer conhecimento para a implantação e acompanhamento da gestão deste risco nas empresas.
Com a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), a partir de maio, as empresas brasileiras terão que incluir a avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho. Com isso, o tema passou a dominar as discussões em diferentes áreas do mundo do trabalho.

O médico do Trabalho Mario Bonciani, coordenador do evento, foi o moderador das palestras. “O tema dos riscos psicossociais já é discutido em outras partes do mundo, como na Europa, há mais de meio século. Em função da resistência do setor empresarial no Brasil, só tivemos a possibilidade de colocar o assunto em pauta agora. Este é o momento ideal para refletir sobre a situação dos trabalhadores, das empresas e do movimento em busca de melhores condições psicossociais”, esclarece Bonciani que também é Auditor Fiscal do Trabalho aposentado e ex-diretor do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho do Ministério do Trabalho.
Durante todo o dia os especialistas dividiram com o público suas experiências e conhecimentos em diferentes áreas que envolvem a gestão dos riscos psicossociais nas empresas.
ERGONOMIA
Para introduzir o tema o engenheiro de Segurança do Trabalho e especialista em ergonomia, Eduardo Marcatto, apresentou o conceito de Fatores e Riscos Psicossociais, Identificação e Avaliação do RPS para fins do Programa de Gerenciamento de Risco. “Procurei esclarecer sobre os instrumentos previstos pela NR-1 e NR-17 sobre a identificação dos Fatores de Risco Psicossocial a partir da realização da Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP) e/ou Análise Ergonômica do Trabalho (AET), integrando a NR-17 ao Inventário de Risco e ao plano de ação (NR 1)”, explicou Marcatto.
Ele apresentou dois cases reais de elaboração destes instrumentos e demonstrou como se integra ao PGR, procurando esclarecer e ajudar os colegas da área de Saúde e Segurança de uma forma prática e didática. Para isso ele abordou algumas exigências apresentadas pelas normas regulamentadoras, conceitos, fatores de riscos psicossociais do trabalho e a forma da identificação e avaliação.
MENTE E CORPO
Já a psicóloga Ana Carolina Peuker tratou em sua palestra Transtornos Mentais e os Distúrbios Psicossomáticos decorrentes do RPS, de um dos maiores desafios da saúde no trabalho: a falsa separação entre mente e corpo. “O legado do dualismo cartesiano ainda nos faz tratar saúde mental e física como dimensões isoladas, mas a ciência já provou que essa divisão não existe”, esclareceu.

Ana ressaltou que não podemos mais tratar a saúde mental como algo secundário no ambiente de trabalho. “Precisamos integrar a gestão dos riscos psicossociais de forma estratégica e baseada em dados. O futuro do trabalho precisa ser mais humano e sustentável”, afirmou.
ESCUTA PARA ORIENTAR
O médico do Trabalho Fernando Akio Mariya também enriqueceu a discussão em São Paulo tratando das Ferramentas de Identificação e Avaliação do RPS, bem como a importância da Epidemiologia e da Ergonomia como umas destas ferramentas. Mariya enfatizou a importância dos profissionais de SST colaborarem de forma integrada com outras disciplinas. “Uma abordagem holística na gestão dos fatores psicossociais permite escutar o trabalhador para poder orientar o empregador”, declara. Ele explicou que essa colaboração pode levar a intervenções mais eficazes e personalizadas, resultando em um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.
Outras palestras importantes trazidas pelo seminário foram as contribuições de Rodrigo Vaz, Auditor Fiscal do Trabalho explicou sobre Aspectos Legais – Grupo de Estudo Tripartite sobre RPS, Negociações na CTPP e Redação Final da NR 1 e de Gracia Elisabeth Fragala, assistente social e vice-presidente na ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), que apresentou propostas de Ações Educativas, Manejo na Relação com Envolvidos, Medidas para Eliminação ou Minimização do RPS.
OUTROS ESTADOS
O Seminário também estará presente em outros estados do Brasil. No mês que vem, no dia 9 de abril, Pernambuco recebe o evento. E em maio, no dia 14, o Seminário acontece na sede da Revista Proteção, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES
Todas as informações e inscrições você encontra em www.eventosprotecao.com.br. Outras dúvidas podem ser esclarecidas diretamente com a equipe da Proteção Eventos no e-mail treinamento@protecaoeventos.com.br ou no WhatsApp (51) 9 9561-3299.
Saiba mais
Seminário Risco Psicossocial promovido pela Proteção percorre diferentes regiões do Brasil
Seminário muito bom! Parabéns aos organizadores e palestrantes!
O que adianta falar e cuidar do psicossocial e da mente, se não hora de gerar um PCMSO pelo médico do trabalho, não possuí exames complementares para investigado de patologias e prevenção de doenças ocupacionais?
Fazem o PCMSO somente com avaliação clínica,onde prejudica as empresas que contratam pessoas com patologias que as impedem de executar as atividades com segurança. A NR 7 em seu item 7.5.3, ressalta que o ASO deve conter a análise das atividades críticas,os riscos envolvidos em casa função e a investigação de patologias, para que o contrato,posso executar suas atividades com segurança. O que adianta cuidar da saúde mental se a saúde física estão sendo negligenciadas no PCMSO pelo médico emissor!