
René Mendes é médico especialista em Saúde Pública e em Medicina do Trabalho, mestre, doutor e livre-docente em Saúde Pública pela USP. Foi professor-doutor da Unicamp, por 15 anos, e, a partir de 1991, professor titular da Faculdade de Medicina da UFMG, onde se aposentou. Ao longo de sua carreira profissional, exerceu cargos de direção na Fundacentro, Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho, Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), em Washington, e na Organização Internacional do Trabalho (OIT). Também presidiu a Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho) e é o atual editor chefe da Revista Brasileira de Medicina do Trabalho.
O projeto do Dicionário será lançado em março pela Proteção Publicações em duas versões, uma impressa e uma digital. Os 1.237 verbetes estão em ordem alfabética, permitindo uma pesquisa mais rápida e eficiente. O livro ajudará a dirimir dúvidas e a resgatar importantes informações da evolução da SST no Brasil. Nele, além dos conceitos e definições, há também informações sobre a história de instituições e profissionais destacados. Proteção ouviu o professor René Mendes em São Paulo que falou sobre o Dicionário e sua importância para a prevenção no Brasil.
Como foi este desafio de reunir grandes nomes da área de SST e de outras áreas para falar de saúde e segurança do trabalhador?
Desde 1980 que me preocupo com a produção de textos voltados para a área de Saúde e Segurança. Medicina do Trabalho e Doenças Profissionais foi o primeiro livro e em 1995 ele foi transformado em Patologia do Trabalho e agora já a caminho de uma possível quarta edição. Minha preocupação sempre foi e continua sendo ampliar as oportunidades aos profissionais que necessitam e utilizam este tipo de livro para esclarecer suas dúvidas. Originalmente minha preocupação era para com os médicos do Trabalho; mas já há muito tempo evoluí para a visão de saúde do trabalhador agregando a Segurança do Trabalho. Então, este novo livro partiu da percepção de que há uma carência muito grande de textos relacionados à área para um público muito além dos médicos do Trabalho. Eu não sou suficiente para dar conta desta tarefa e imaginei que o perfil dos usuários tinha que estar retratado no perfil dos autores. Portanto, já se deu um salto muito grande na visão da pluralidade, da multidisciplinaridade e de certa forma da interdisciplinaridade no campo da saúde e segurança do trabalhador. Este salto veio acompanhado da capitalização de uma grande rede de relacionamentos pessoais e profissionais que fui construindo ao longo de 45 anos de contatos no Brasil e no exterior. A questão central foi mobilizar esta rede e de alguma forma conquistá-los para um projeto coletivo; são mais de 520 autores perfeitamente engajados. O grande desafio a esta altura da minha vida, com 72 anos e 45 dedicados a esta área profissional, é justamente a mobilização coletiva dos vários olhares, experiências, percepções e das várias formas de ver. Tenho horror a algo que seja doutrinário, monocrático, com uma visão única e dogmática. Tenho compromisso com a diversidade, com a pluralidade, com a riqueza que é formada por múltiplos olhares e formas de ver, eventualmente, opostas.
FOTO: Alexandre Gusmão
Entrevista ao jornalista Alexandre Gusmão
Confira a entrevista completa na edição de janeiro da Revista Proteção.