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A Segurança do Trabalho é necessária à preservação da saúde e da vida do trabalhador e também do bom funcionamento da empresa ou instituição em que ele exerce suas atividades. Além disso, ao atuarmos na prevenção dos riscos e dos acidentes, diminuímos custos sociais e materiais e trazemos benefícios para a sociedade. Os laboratórios não fogem a esta regra e são, paradoxal e simultaneamente, exigentes quanto à qualificação técnica e negligentes quanto às práticas de segurança. Muitos cortes, queimaduras e outros acidentes não são considerados como tais, nem registrados, nem investigados para que não tornem a ocorrer.
Este artigo tem como objetivo levantar pontos para discussão sobre segurança em laboratórios químicos no Brasil, verificando se, paralelamente à qualificação técnica, são oferecidos e cobrados treinamentos em segurança para os diversos riscos encontrados. Não é tema deste trabalho a análise de procedimentos, técnicas, existência ou não de treinamentos e de mapas de risco, layout, instalações, etc. Nossa base é um estudo exploratório inspirado em pesquisa internacional sobre práticas e atitudes em laboratórios. Buscamos estudar as condições de trabalho, a relação entre tempo de experiência profissional e cuidados com segurança e a relação entre a natureza da instituição e a importância dada à segurança.
Ao analisarmos possíveis temas relacionados à segurança em laboratórios, verificamos que a parte operacional, de técnicas e treinamentos, de estrutura física, armazenagem e manuseio de produtos, além de tratamento de resíduos de reagentes e vidrarias, já são abordados em vários estudos e publicações. Porém a parte de segurança em laboratórios, como considerado na elaboração de um PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), ainda é carente de estudos e publicações.
O tema foi escolhido a partir da constatação de que há poucas publicações sobre segurança em laboratórios e que estas se restringem a projetos, instalações, armazenagens e procedimentos. Não temos registro de nenhuma publicação nacional, estudo ou artigo que se volte para verificar se as práticas são de fato entendidas, implementadas e seguidas. Esta lacuna não se restringe à realidade brasileira, pois somente em 2012 foi publicada a primeira pesquisa internacional sobre o assunto.
O estudo americano, com cerca de 2 mil entrevistados, buscava respostas para questões como:
– Os laboratórios de pesquisa são seguros?
– Existem diferenças entre realidade e percepção dos cientistas experimentais sobre segurança?
– Os cientistas se sentem efetivamente equipados com conhecimento e ferramentas necessárias para que possam estar seguros em seus laboratórios?
– Os pesquisadores percebem uma diferença significativa entre a sua própria visão e a dos seus superiores sobre a segurança do laboratório?
– Há alguma relação entre o (não) cumprimento de procedimentos de segurança e a severidade/frequência de lesões/incidentes no laboratório?
– Inspeções de segurança são percebidas como ferramentas para melhorar a cultura de segurança nos laboratórios?
De acordo com a equipe internacional que analisou o bem-estar nos laboratórios e as atitudes dos que neles trabalham, os cientistas podem ter uma falsa sensação de segurança em relação a seus laboratórios. A partir desses resultados, perguntamo-nos: quais as conclusões a que poderíamos chegar realizando um estudo semelhante no Brasil?
Confira o artigo completo na edição de julho da Revista Proteção.