Por Paula Barcellos/Jornalista da Revista Proteção
Um estande da Bradesco Seguros desabou na tarde de quarta-feira, dia 28, durante a realização do Conarh 2024, que ocorre na Expo São Paulo, na Zona Sul da capital paulista. A organização do evento informa que parte da estrutura da iluminação de Led do estande cedeu e atingiu duas pessoas, causando ferimentos leves. Ambas passaram pelos primeiros socorros no local. Uma delas foi atendida no ambulatório do próprio evento e foi liberada. A outra foi encaminhada a um hospital para prosseguir com o atendimento médico e passa bem. Apesar do registro oficial de duas vítimas, segundo participantes da feira, há uma estimativa de que até 17 pessoas possam ter sido atingidas. O Grupo Bradesco Seguros, em nota, lamenta o ocorrido e informa que o espaço passou por perícia das autoridades públicas, sendo reaberto, com toda segurança, na quinta-feira, dia 29. A empresa reforça que preza pela proteção, cuidado e bem-estar de todos.
RISCOS NA INDÚSTRIA DE EVENTOS
Não se confirmou se entre os feridos estavam trabalhadores, porém, acidentes em uma situação como esta chama atenção para os riscos da indústria de eventos e seus reflexos para trabalhadores que atuam na montagem e desmontagem dos estandes e mesmo para aqueles que trabalham nos próprios estandes durante os eventos e até para o público visitante.
A edição da Revista Proteção de julho deste ano aborda a SST neste setor. Na reportagem são apontados os riscos que envolvem a preparação, a realização e o término de grandes eventos. Algumas irregularidades são frequentes como a terceirização precária, a informalidade, a falta de treinamento e prazos curtos para montagem e desmontagem.
“Nas montagens e desmontagens de grandes eventos, incluindo a realização de feiras, observamos a realização de trabalhos em altura, com máquinas e equipamentos perigosos, com risco de choque elétrico e de queda de materiais. Estes trabalhos, normalmente, são realizados por trabalhadores informais, sem a capacitação e acompanhamento necessários, em condições muito ruins de trabalho e com grande pressão para o atendimento de prazos, obrigando a realização de jornadas extenuantes”, destaca o chefe da área de SST do Ministério do Trabalho em São Paulo, Guilherme Besse Garnica.
COMPROMETIMENTO DA GOVERNANÇA
O CEO da FAP Online, Eduardo Milaneli, alerta que a SST é negligenciada, especialmente em eventos temporários, comprometendo a Governança, ou seja, as questões internas e externas à empresa. “A pressão para montar e desmontar rapidamente pode comprometer a Governança da saúde e segurança das pessoas, e neste sentido não estamos mais nos limitando a funcionários! Até porque a nova NR 1 ampliou este conceito ultrapassado da década de 60. Para este segmento, tratamos normalmente com empresas terceirizadas, com autônomos, com a segurança da comunidade e das pessoas que vão assistir ou prestigiar estes eventos. Mas é responsabilidade ainda sim das empresas que se predispõem a expor as suas marcas nestes eventos. E eu não falei ainda do risco reputacional que estas organizações deveriam considerar em seus modelos de Governança”, diz.
Para Milaneli, as empresas precisam ter também responsabilidades na contratação de terceiros e prestadores de serviços, porque, no final, a responsabilidade é da empresa. “A responsabilidade não se terceiriza”, alerta. Por fim, ele também destaca que é preciso refletir ainda sobre o plano de emergência. “Problemas relacionados ao resgate também foram identificados neste acidente. Ficou nítido neste evento a falta de preparo sob a ótica da prevenção”, afirma. Veja mais sobre a SST na indústria de eventos na reportagem especial Acelera aê! da edição de julho da Revista Proteção.