Ele nasceu forte, com quase 5 kg e desde pequeno o pai sempre dizia que iria seguir a carreira do avô e a sua carreira profissional. Com certeza trabalharia como Técnico de Segurança do Trabalho ou poderia chegar a ser o primeiro Engenheiro de Segurança da família, mas não tinha dúvidas que seguiria a prevenção.
Já aos cinco anos, na visão do pai, o menino começava a demonstrar a vocação.
– Olha mulher ele está fazendo igual dia de Simulado de evacuação na fábrica, está lá com o apito na boca, que nem a sirene da fábrica, balançando os braços e direcionando para todo mundo sair e ir para o quarto dele que deve ser onde ele pensa ser o ponto de encontro.
– Deixa de bobagem, Josias. É uma criança, está apenas brincando. Ele vai ser o que quiser, não vá colocar minhoca na cabeça do menino.
Josias, assentia, para não ter de discutir com a mulher, mas no fundo sabia que a prevenção estava no sangue do Pedrinho.
Passados dois ou três anos, Josias continuava com a aquela certeza e deixou uma lágrima cair pela face ao chegar no seu quarto e ver o filho colocando os seus óculos escuro de proteção e tentar calçar as botonas.
– Cristina, corre aqui!
– O que foi homem?
– Olha o Pedrinho.
– O que qui tem?
– Tá vendo que ele está usando meus óculos de segurança e tentando colocar as botas. Já sabe da necessidade de prevenção.
– Josias, já disse para você parar com essa história. Se você traumatizar o Pedrinho eu te largo. Tá ouvindo!?
Josias, ficava calado, mas quando a mulher se afastava ia lá com o filho perguntar: Pedrinho, você já sabe o que vai ser quando crescer?
– Sei, não pai. Acho que vou ser bombeiro.
Na hora pensou: Tá vendo! Tá vendo! Não vou falar nada para a Cristina, mas é óbvio. Ele falou bombeiro porque ainda não conhece o trabalho de Técnico de Segurança do Trabalho.
Os anos passaram e já adolescente os “sinais” continuavam a alertar o Josias. Lógico que ele não falava mais nada para a Cristina, para não ter de ouvir reclamação. Olha, lá! Que outro adolescente anda com um bloquinho de papel no bolso para anotar os problemas que encontra. Ontem mesmo, quando saiu para a escola, deixou na minha carteira um bilhete avisando que o carrinho de mão do vizinho estava atrás do nosso carro e para eu tomar cuidado na hora de sair que eu poderia acabar batendo o carro.
Os meses e anos passaram e quando o Pedrinho já estava concluindo o ensino médio Josias teve que viajar para acompanhar um serviço longo em outro estado. Ia ficar muito tempo afastado, mas achou que seria o melhor para a família, pois nesse ano e meio ia receber o dobro do seu salário.
Nesse ano Pedrinho concluiu o ensino médio, fez o curso de direção e achou que deveria começar a trabalhar. A mãe ajudou e junto com o dinheiro que o pai mandava o filho conseguiu fazer o curso necessário para iniciar o trabalho.
Mas sempre o Josias mandava mensagens perguntando:
– Cristina, o Pedrinho já acabou o curso de técnico de Segurança do Trabalho.
– Josias, ele não estava fazendo isso não. Mas não se preocupe, pois como você sempre disse tem a ver com proteção. Vai ser uma surpresa para quando você chegar.
Pedrinho, estudou, passou em concurso e já estava trabalhando quando Josias finalmente retornou de viagem. Estava ansioso esperando o filho chegar do trabalho e dar um abraço no novo TST ou talvez bombeiro. Estava na cozinha quando ouve o portão e sai correndo receber o filho e começa a tremer ao ver a bota de cano alto, um cinto com vários apetrechos e (annn!) um apito na mão.
Josias realmente não havia errado, mas não era bem o que ele estava esperando, pois Pedrinho trabalhava de Guarda de Trânsito e tinha todo um planejamento de vida para se tornar um Policial Rodoviário Federal.

O blog Segurito na Proteção trata de questões relacionadas à SST. É editado pelo professor Mário Sobral Jr, que é Mestre, engenheiro de Segurança do Trabalho, especialização em Higiene Ocupacional e Ergonomia e Editor do Jornal Segurito.
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