Por Mário Sobral Jr
A Internet das Coisas, ou IoT (Internet of Things), é uma tecnologia que conecta objetos do dia a dia à internet, permitindo que eles coletem e troquem dados automaticamente. Com isso, máquinas, sensores, equipamentos e até mesmo roupas ganham a capacidade de se comunicar entre si e com sistemas centrais, transmitindo informações em tempo real. Na Segurança do Trabalho, a IoT surge como uma ferramenta poderosa, pois possibilita a integração de sensores, dispositivos e sistemas para monitorar riscos ambientais com maior eficiência e precisão, prevenindo acidentes e promovendo a saúde ocupacional.
Imagine, por exemplo, um operário em uma linha de produção exposto a níveis excessivos de ruído. Sensores inteligentes podem medir continuamente a intensidade sonora e emitir alertas assim que os limites de segurança forem ultrapassados, garantindo ações corretivas imediatas. O mesmo se aplica à exposição ao calor: sensores térmicos monitoram a temperatura ambiente e sinalizam quando ela atinge níveis críticos, ajudando a evitar casos de exaustão térmica.
Outro exemplo são os dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes ou sensores acoplados aos uniformes, que rastreiam batimentos cardíacos e padrões de movimento para detectar sinais de fadiga e sugerir pausas no momento ideal. Essa tecnologia é especialmente valiosa em setores como construção civil e indústria pesada, onde o cansaço pode levar a acidentes graves.
A IoT também revoluciona a segurança em espaços confinados. Sensores de gases, por exemplo, identificam vazamentos tóxicos antes mesmo que os trabalhadores os percebam, acionando alarmes automáticos e isolando áreas contaminadas, o que reduz drasticamente riscos de intoxicação ou explosões. Além disso, os dados coletados em tempo real permitem análises preditivas, transformando a Segurança do Trabalho em uma prática proativa. Em vez de agir apenas após um incidente, os gestores podem identificar padrões e tendências, antecipando ameaças e tomando decisões estratégicas.
ATENÇÃO AOS DESAFIOS
“Mas são só vantagens, professor?”
Infelizmente, não. Apesar dos benefícios, a IoT traz desafios. Um deles é a privacidade e a proteção de dados, uma vez que a tecnologia coleta informações dos trabalhadores, como frequência cardíaca, localização e nível de fadiga, criando o risco de uso indevido ou vazamento. Outra preocupação é a segurança cibernética: se os dispositivos não forem adequadamente protegidos, podem ser alvo de hackers, comprometendo, não apenas os dados, mas também a integridade física dos trabalhadores. Basta imaginar um sensor de gás que falha ou um sistema de alerta sabotado para entender o potencial de tragédias. Há ainda o perigo da dependência excessiva da tecnologia. A IoT deve ser um complemento, nunca um substituto para a supervisão humana e o treinamento em segurança. Confiar cegamente nos dispositivos, sem verificações manuais ou capacitação adequada, pode mascarar falhas com consequências graves.
Portanto, embora a IoT represente um avanço, sua implementação exige planejamento para equilibrar benefícios e riscos. Com uma gestão bem estruturada, essa tecnologia pode elevar a segurança ocupacional a um novo patamar, protegendo os trabalhadores e, ao mesmo tempo, impulsionando a eficiência das empresas.
Para aprofundar o conhecimento sobre o tema, leia estes dois artigos que serviram de base para o texto:
- ZORZENON, Rafael; LIZARELLI, Fabiane L.; BRAATZ, Daniel. The impact of the internet of things on health and safety performance at work: An empirical study of Brazilian companies. Safety Science, v. 187, p. 106866, 2025.
- BAVARESCO, Rodrigo et al. Internet of Things and occupational well-being in industry 4.0: A systematic mapping study and taxonomy. Computers & Industrial Engineering, v. 161, p. 107670, 2021.

O blog Segurito na Proteção trata de questões relacionadas à SST. É editado pelo professor Mário Sobral Jr, que é Mestre, engenheiro de Segurança do Trabalho, especialização em Higiene Ocupacional e Ergonomia e Editor do Jornal Segurito.
mariosobral@jornalsegurito.com