Por Cosmo Palasio de Moraes Junior
Deslumbrados por esse mundo e tempo em que a cada momento nos vemos diante de alguma novidade ou facilidade, muitos de nós perdemos a ligação com a realidade.
Pouco antes disto acontecer quase sempre existe alguma falta de vivência naquilo que fazemos e um certo cansaço com tantas coisas que lidamos no dia a dia. De repente parece ser mais fácil viver apenas com os olhos naquilo que parece ser solução, mas que nem sempre é.
Quando pensamos Segurança e Saúde no Trabalho, não podemos de forma alguma, deixar de pensar qual a razão de existir dessa área.
Durante toda a minha vida, de quando em quando, tento chamar a atenção para a finalidade em tudo o que fazemos na vida. Até porque sem pensarmos nisso corremos o grande risco de trabalhar/realizar pelo nada. Logo depois da finalidade, quero muito chamar a atenção sobre as formas de fazer – que com minha habitual simplicidade – chamarei aqui de método. E por fim também chamar a atenção para a questão do contexto em que nos propomos realizar o que fazemos. E quero logo a seguir detalhar um pouco mais esses três pontos.
REALIDADE DOS FATOS
Longe de qualquer conceito mais elaborado ou tradicional creio que Segurança e Saúde no Trabalho tem a finalidade de evitar acidentes e adoecimentos nas atividades laborais e embora isso seja muito simples de conceituar tem uma complexidade imensa, tanto para se realizar como para se compreender.
O que sei é que nesse ponto é mais importante olhar para onde as coisas acontecem no trabalho do que para as apresentações que se fazem sobre isso; o proteger e cuidar é algo do tempo que se vive e não do tempo que se imagina.
Então se alguém deseja ser um bom profissional nessa área jamais perca de vista – mesmo que muitas vezes as circunstâncias não permitam que você expresse o que de fato ocorre – a realidade dos fatos e dos contextos – pois só assim conseguiremos, pelo menos em alguns momentos, acertar na construção de propostas e ações para mudar as coisas. Dentro de alguns contextos você pode até ser pago para gerar sensação de resultados. Até porque ao longo tempo fabricou-se e fabrica-se muitas ferramentas para explicar o que de fato e no fundo, não tem qualquer explicação cabível.
FORMAS DE FAZER
Falemos então das formas de fazer que estão diretamente atreladas à finalidade – seja em uma organização mais ajustada ou em outra totalmente desajustada em termos de prevenção – continua sendo a mesma. E é aqui que entra um pouco da boa e velha vivência que favorece muito um bom diagnóstico e por consequência, o planejamento adequado do que precisa ser feito. Óbvio que tentar trabalhar a prevenção da mesma forma e a partir de modelos em dois ambientes totalmente distintos teremos grandes problemas e é provável que pessoas paguem com sua saúde e até mesmo vidas por esta perigosa experiência. Claro que todo mundo quer o fácil. Como também é claro que nem sempre é o fácil que cabe em determinadas situações. Enfim, se a finalidade é preservar vidas há necessidade de que sejam tomadas ações que naquele momento surtam efeitos e isso diz respeito as formas de fazer.
Mas não basta fazer ! É preciso fazer o que surta alguma forma de efeito capaz de dar respostas às necessidades daquele momento e realidade. E talvez por desconhecer isso vemos ainda tantos acidentes, doenças e mortes em organizações em que muitos recursos foram investidos e os resultados não chegam. Há de se saber que nenhum sistema por si tem o poder da mágica. Há muitas formas de fazer prevenção, assim como, por exemplo, há muitas formas de dispor um time de futebol dentro de um campo. Não é o mais caro, não é o mais complexo… Tão somente é o que dá resultados e nos auxilia a cumprir a finalidade.
DE OLHO NO CONTEXTO
E por fim o bom e velho contexto – essa necessidade básica para entender onde e com quem as coisas acontecem. É uma pena ver que em muitos locais de trabalho a prevenção que é proposta simplesmente não diz respeito à realidade da organização e muito especialmente das pessoas que ali trabalham. É aquela prevenção que ninguém entende – e todo mundo faz cara de paisagem – e que não sendo entendida, também não se pratica e o máximo que se faz é preencher papeis e mais papeis que pouco ou nada servem para a tal finalidade.

O blog SST na Prática apresenta informações importantes para os profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho. O autor Cosmo Palasio de Moraes Junior é Técnico em Segurança do Trabalho com diversas especializações. Colunista e membro do Conselho Editorial da Revista Proteção. Diretor do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho do Estado de São Paulo. Fundador e moderador do Grupo SESMT. Auditor, Consultor e Instrutor com atuação em diversas organizações, entre elas, Volkswagen, WEG, GERDAU, Vale, Suzano e SABESP. Autor do Livro Dia a Dia da Prevenção e consultor do Manual de Segurança e Saúde no Trabalho.
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