terça-feira, 24 de junho de 2025

Escala 6×1: Entenda o que o excesso de trabalho faz com o corpo

Por Alice Andersen / Revista Fórum

As longas jornadas de trabalho no Brasil e no mundo são uma ameaça silenciosa à saúde da população. Segundo estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 745 mil mortes por derrame e doenças cardíacas foram em razão do excesso de horas trabalhadas em 2016. 

O estudo pioneiro da organização demonstra que passar muitas horas no trabalho traz alguns riscos. Por exemplo, aumenta significativamente o risco de desenvolver problemas cardiovasculares, um dos principais causadores de morte no mundo. “Há dados suficientes para mostrar que o trabalho excessivo é a primeira doença ocupacional do mundo”, disse à época, Alexis Descatha. Ele é pesquisador do Hospital e da Universidade de Angers-Inserm, na França.

Antes de tudo, o excesso de trabalho, ao gerar estresse crônico, impacta diretamente a saúde física e mental. Níveis elevados de cortisol, hormônio liberado em situações de estresse, podem causar problemas como hipertensão, doenças cardíacas, distúrbios do sono e problemas digestivos. Além disso, o estresse crônico pode desencadear ansiedade e depressão. Sintomas comuns a muitos brasileiros, considerando que o país é um dos mais ansiosos do mundo.

Assim, além dos efeitos diretos do estresse, o excesso de trabalho impacta negativamente a saúde de forma indireta. Do mesmo modo, ao dedicar longas horas ao trabalho, as pessoas tendem a abrir mão de atividades essenciais para o bem-estar. Tais como dormir, se alimentar de forma saudável e praticar exercícios físicos. Essa falta de tempo para cuidar de si mesmas agrava os problemas de saúde causados pelo estresse crônico, de acordo com a OMS.

“Dez anos parece ser o ponto em que realmente veremos um aumento gradual nos efeitos cumulativos do excesso de trabalho sobre a saúde”, diz Grace Sembajwe. Grace é pesquisadora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Indiana, em Bloomington, Indiana, nos Estados Unidos. 

Outros motivos para o fim da escala 6×1

Finalmente, a PEC que quer acabar com a escala 6 x 1 busca alternativas que promovam uma jornada de trabalho mais equilibrada. Isso permitiria que os trabalhadores desfrutem de mais tempo para suas vidas pessoais e familiares.

1. Saúde física e mental dos trabalhadores

A jornada 6×1 está associada à exaustão física e mental, contribuindo para o aumento de casos de burnout e outras doenças ocupacionais. Desse modo, uma pesquisa da International Stress Management Association (Isma-BR) realizada em 2021 apontou que o Brasil foi o segundo país com mais casos de burnout. Cerca de 30% dos trabalhadores sofrem com a síndrome.

2. Qualidade de vida e convívio familiar

A limitação a um único dia de folga semanal dificulta o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Isso afeta negativamente o convívio familiar e social dos trabalhadores. Assim, em movimentos como o “Vida Além do Trabalho” (VAT) destacam a necessidade de mais tempo livre para atividades pessoais e familiares.

3. Produtividade e satisfação no trabalho

Estudos sugerem que jornadas de trabalho mais equilibradas podem aumentar a produtividade e a satisfação dos empregados, reduzindo o absenteísmo e melhorando o desempenho geral. A adoção de semanas de trabalho mais curtas tem sido testada em diversos países com resultados positivos.

4. Alinhamento com tendências globais

Diversos países têm revisado suas legislações trabalhistas para promover jornadas mais flexíveis e equilibradas. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e adaptar-se às novas realidades do mercado de trabalho.

Países que acabaram com a jornada 6×1

Algumas nações têm revisado suas jornadas de trabalho para promover um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal e aboliram a jornada 6×1.

Suécia e Islândia realizaram experimentos reduzindo a jornada semanal, com resultados que indicaram aumento da produtividade e maior satisfação dos trabalhadores.

Alemanha, França e Reino Unido tiveram a jornada de trabalho reduzida sem perda de produtividade. No Reino Unido, por exemplo, empresas que adotaram a semana de trabalho de quatro dias registraram aumento na receita e mantiveram o modelo após o término do estudo piloto.

O movimento pelo fim da escala 6×1 no Brasil reflete uma demanda crescente por melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A mobilização popular e as discussões legislativas indicam uma tendência de revisão das práticas laborais vigentes, buscando um equilíbrio mais saudável entre trabalho e vida pessoal.

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