Anuário Brasileiro de Proteção 2024
Mundo desconhecido
Muitos países não divulgam de forma eficiente números de acidentes de trabalho e mortes
As estatísticas mundiais de acidentes de trabalho representam um desafio. Diferentes formas de interpretar um acidente e suas consequências fazem com que a análise dos dados comparados deva ser relativizada. Não há como comparar os números pura e simplesmente. Há países que só registram casos mais graves. Há países que contabilizam todos acidentes, por menor que seja. E há países que simplesmente não contam os seus acidentados ou contam de maneira pouco aprofundada.
Neste cenário quem centraliza as principais informações mundiais é a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Em seu site há uma área especialmente dedicada aos dados disponibilizado pelos países com acidentes de trabalho com e sem vítima fatal. Não há dados como doenças ocupacionais ou aprofundamento de como são os acidentes. Eles estão disponíveis por sexo e por atividade econômica, além de outras formas menos relevantes para as análises tradicionais.
Segundo a OIT a cada 15 segundos, 153 trabalhadores sofrem um acidente relacionado ao trabalho, o que corresponde a cerca de 320 milhões de acidentes do trabalho por ano.
Um problema grave é que a grande maioria dos países não fornece os dados com agilidade. Levantamento do Anuário Brasileiro de Proteção nos 200 países com maior número de trabalhadores constatou que este ano de 2024 apenas 52 países entre os 200 listados (26%) tinham os dados a partir de 2020. O site só disponibiliza dados até 2022. Inclusive o Brasil, seguindo a sua tradição de não enviar regularmente esta informação, só tem dados disponibilizados até 2017.
Dos 148 países que não priorizam as informações sobre acidentes de trabalho, 61 países (30,5%) nunca enviou qualquer dado sobre como seus trabalhadores sofrem nos locais de trabalho. Há 22 países que enviaram suas últimas informações no século passado. Desde o ano 2000 eles não enviam qualquer dado relativo a acidentes de trabalho.
Entre os 20 países com mais trabalhadores constam nesta triste listagem três países que somados empregam cerca de 150 milhões de trabalhadores: Vietnã, Bangladesh e Etiópia. O Vietnã é um país do Sudeste Asiático com cerca de 55 milhões de trabalhadores. Vive um crescimento muito grande de sua indústria. Muitas das luvas de proteção utilizadas por trabalhadores do mundo todo são fabricadas lá. Inclusive vendidas no Brasil. Mas no Vietnã a informação de quantos acidentes ocorrem ainda é missão difícil. O país nos últimos anos passou a tratar do tema com mais cuidado. Mas os dados ainda não estão disponíveis a nível mundial.
A China é outro desafio. Comercialmente muito agressivos, mas cuidadosos em relação às suas informações internas, os chineses não atualizam os dados de SST enviados à OIT desde 2002. Naquele ano o país que hoje tem cerca de 750 milhões de trabalhadores declarou que só teriam ocorrido 3.755 acidentes sem vítimas e 14.924 mortes. Para quem compreende como funciona a lógica de acidentes sem vítimas em relação aos com mortes, fica claro que faltam milhares de acidentes. Desde 2002 o principal empregador do mundo não repassou os dados à OIT. Mas eventualmente uma ou outra informação sobre morte de trabalhadores em atividade pode ser encontrada em relatórios disponíveis em entidades como o do Escritório Nacional de Estatísticas da China. Documento de 2017, a que o Anuário teve acesso, informou que 71.983 trabalhadores teriam morrido em acidentes de trabalho no ano de 2012. Outro documento pesquisado pelo Anuário, divulgado pela Administração Geral da Supervisão de Segurança do Trabalho do Governo da China informou que ocorreram em 2015 um total de 281.576 acidentes de trabalho. Menos da metade dos acidentes registrados no Brasil em um ano. A China tem quase 15 vezes o número de trabalhadores do Brasil.
O levantamento e as informações sobre os acidentes de trabalho nos países devem, por tudo que foi mencionado anteriormente, serem relativizados. Mas, de qualquer forma, são informações que podem ajudar a compreender a realidade no Mundo.
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