sábado, 21 de junho de 2025

Motoristas da Uber em Maceió relatam más condições de trabalho e insegurança

Data: 29/06/2017 / Fonte: G1

Maceió/AL – A Uber começou a operar em Maceió em outubro de 2016, e dividiu opiniões sobre o transporte particular de passageiros por meio de aplicativo para smartphones. Agora, são os motoristas conveniados a empresa que reclamam do serviço.

O G1 conversou com alguns deles e ouviu relatos de falta de segurança e más condições de trabalho. Com medo de punições, eles pediram para não serem identificados na reportagem.

“As pessoas se enganam pensando que porque o aplicativo pega os dados do cliente, é seguro [para o motorista]. Tem muita gente que, querendo ajudar os outros, usa o aplicativo para pedir um carro para outras pessoas”, explica uma motorista.

Ela relembra uma situação em que atendeu a um chamado, mas não era o cliente cadastro na solicitação que estava esperando o carro quando ela chegou ao local indicado.

“Já fui buscar um cliente que o nome que aparecia era de mulher e quando cheguei no local, o passageiro era um homem. Quando perguntei, ele me disse que tinha pedido para uma desconhecida na rua pedir o carro para ele, porque o celular dele tinha descarregado. Fiquei com muito medo e ainda mais exposta do que o normal, porque caso acontecesse alguma coisa comigo, a empresa não teria nenhum dado sobre essa pessoa”, lembra.

Outro motorista, que também não quis se identificar, diz que situações de risco são comuns.

“O problema é que nem todo mundo conhece bem Maceió e existem lugares que são perigosos e que se você não for do bairro, não pode entrar. Teve um colega que teve o carro baleado quando passou por um lugar desse tipo em Bebedouro. A gente vai se guiando pelo GPS, mas ele não mostra essas peculiaridades”, expõe o motorista.

Procurada pela reportagem, a Uber afirma que, para fazer cadastro, os usuários precisam fornecer dados como o número do cartão de crédito e o CPF. A empresa diz também que lançou uma ferramenta de verificação de identidade para os usuários que pagam as viagens com dinheiro, para que também forneçam o CPF. Tudo isso para identificar quem usa o serviço.

Além disso, a Uber garante que no aplicativo não existem viagens anônimas, todas são rastreadas por GPS, e que os motoristas têm à disposição um telefone 0800 para casos de emergência.

A avaliação feita por motoristas e passageiros após as viagens também é citada como método de segurança. A empresa diz que colabora com a polícia quando há necessidade.

Jornada exaustiva
Os motoristas também reclamam das longas jornadas de trabalho. “Eu não tenho mais fim de semana, nem feriado. Tem a vantagem que eu faço o meu horário de trabalho, mas isso não é tão bom assim. A gente tem que rodar muito para poder tirar um dinheiro razoável. Às vezes eu saio de casa de manhã e só volto de madrugada”, denuncia outra motorista.

O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT-AL), Rodrigo Alencar, explica que a Uber não reconhece os motoristas como empregados, mas sim como trabalhadores autônomos. Ele comentou a decisão da Justiça do Trabalho de Minas Gerais, que reconheceu o vínculo empregatício de um motorista e a Uber.

“Mesmo com essa decisão, ainda é algo que está se iniciando. A Uber quer ficar só com a parte boa, sem garantir os direitos do trabalhador existentes que uma relação de emprego dá, como auxílio-doença, férias, horas extras e adicional noturno, por exemplo”, explica.

Para o procurador do trabalho, a relação da empresa com os motoristas é de superexploração. “Ela só consegue espaço por causa do cenário atual de desemprego que o país enfrenta. Em um primeiro momento, como o motorista está precisando de dinheiro para agora, ele se submete a essas condições. Mas a longo prazo, avaliando a depreciação do valor do carro e os gastos com oficina e manutenção, não vale a pena”, ressalta.

Sobre isso, a Uber se defende dizendo que os motoristas parceiros usam a plataforma de acordo com seu interesse e disponibilidade, sendo que não existem taxas extras, diárias ou compromisso com horas trabalhadas.

A empresa continua dizendo que os motoristas podem, inclusive, ficar meses sem logar-se na plataforma ou então conectar-se todos os dias, e que 50% dos parceiros em todo o país dirigem menos de 10 horas por semana.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

Artigos relacionados