
Clóvis de Souza Prates
As radiações ionizantes estão presentes no ambiente de trabalho de diversas indústrias, serviços de saúde e transportadoras. Há também empresas de prestação de serviços que fazem uso de fontes de radiação. Antes de mais nada, é importante salientar que estamos continuamente expostos à radiação ionizante, seja no ambiente de trabalho, em casa ou em momentos de lazer. Trata-se de um fenômeno natural que existe desde a origem do nosso planeta. O corpo humano, por exemplo, possui alguns materiais radioativos, dentre eles o potássio-40 e o carbono-14. Alimentos e materiais de construção também possuem elementos radioativos em sua composição. Por esta razão, é necessário diferenciar a radiação artificial colocada pelo homem no ambiente de trabalho da radiação natural, intrínseca ao meio.
A NR 9 determina que a proteção radiológica (ou proteção contra as radiações) deve estar prevista no PPRA; e isso, todos sabemos. Todavia, a monitoração da radiação ionizante é uma atividade complexa e muitos profissionais ainda têm dúvidas de como gerenciar e analisar os dados relativos a este risco ambiental e tomar as medidas cabíveis. Estas dúvidas, infelizmente, transformam-se em receio e medo, e o SESMT, por sua vez, acaba por “esquecer” sua responsabilidade na segurança e saúde dos trabalhadores. Este artigo aborda sobre a escolha e a avaliação de Equipamentos de Proteção Individual bem como aspectos básicos das monitorações ambiental e individual. Espera-se, com isso, dar subsídios para melhoria do PPRA de empresas e hospitais que possuem fontes de radiação ionizante.
EPIs
Conforme determina a NR 6, compete ao SESMT recomendar o EPI adequado aos riscos existentes no ambiente de trabalho. Em empresas desobrigadas a constituir SESMT, cabe ao empregador selecionar o EPI, mediante orientação de um engenheiro de Segurança do Trabalho. A escolha do EPI depende da etapa de antecipação e reconhecimento do risco prevista no PPRA. Nesta, são identificados os tipos de radiação ionizante presentes no ambiente: partículas (alfa, beta, nêutron etc.) ou ondas eletromagnéticas (raios X e raios gama), e sua energia. No caso da presença de material radioativo é necessário saber sua forma (sólido, líquido ou gasoso). A partir destas informações determina-se o equipamento adequado.
Por exemplo, em trabalhos de mineração subterrânea poderá haver exposição ao radônio-222. O radônio é um gás natural que emite partículas alfa. Este tipo de partícula tem pouco poder de penetração na matéria e é blindada pela camada morta da pele. Por outro lado é altamente ionizante, podendo causar grande dano biológico aos pulmões caso o gás seja inalado. Neste caso, o uso de máscara soluciona o problema.
Já para serviços de radiologia diagnóstica e intervencionista, o Ministério da Saúde exige o uso de avental e protetor de tireoide plumbíferos para proteção de pacientes e acompanhantes (Portaria 453/98 da SVS/MS). Tais vestimentas também são utilizadas por trabalhadores quando não é possível se proteger atrás de biombos ou nas cabines de comando. Encontra-se no mercado aventais plumbíferos somente com proteção frontal ou também com proteção traseira (Foto 1, EPI para proteção radiológica). O uso destes últimos é interessante, por exemplo, em serviços de hemodinâmica e angiografia quando a equipe médica permanece dentro da sala durante a aplicação dos raios X e, eventualmente, fica de costas para a fonte de radiação. Já em casos como a radiologia convencional, a blindagem traseira pouco agrega à proteção do trabalhador e poderá implicar em problemas ergonômicos nos usuários devido ao peso do avental.
Confira o artigo completo na edição de dezembro da Revista Proteção.