
Beto Soares / Estúdio Boom
As Lesões por Esforços Repetitivos (LER), também denominadas Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), abrangem diversas enfermidades. Dentre as mais conhecidas estão as tendinites, tenossinovites e epicondilites, que comprometem milhares de trabalhadores. A LER/DORT prejudica o trabalhador no auge de sua produtividade e experiência profissional, com maior incidência na faixa etária de 30 a 40 anos, sendo as mulheres mais frequentemente acometidas. A sua prevalência demonstrou-se elevada na classe dos bancários, principalmente no sexo feminino, sendo o número de atendimentos muito superior em relação a outras entidades clínicas. As práticas gerenciais que mais contribuem para o aparecimento epidêmico dos distúrbios e lesões são a pressão exagerada pelos resultados e a sobrecarga para os trabalhadores, dando a eles uma carga excessiva de trabalho, sem a devida condição de execução. Essa prática costuma ser seguida pelo aumento do número de horas extras, dobra de turno, retrabalho e mais pressão, alimentando o ciclo vicioso da pressão excessiva.
A abordagem preventiva é o meio ideal de lidar com as LER/DORT e deve incluir aspectos multifatoriais relacionados ao ambiente de trabalho, uma vez que estas afecções costumam associar-se a riscos ergonômicos tais como movimentos repetitivos, força e posturas inadequadas. A realização de diagnóstico e tratamento adequado é fundamental para a resolução das LER/DORT e retorno efetivo ao trabalho. Observa-se, no entanto, que uma parcela significativa de trabalhadores não consegue se beneficiar pelo tratamento oferecido e perambula entre consultórios de médicos e clínicas de fisioterapia. Apresentam retornos transitórios ao trabalho e benefícios por incapacidade sem melhora clínica significativa ou, até mesmo, agravamento progressivo da incapacidade – seja por dor, limitação funcional ou transtornos emocionais secundários.
Este artigo revisa uma das síndromes de dor regional potencialmente associada a esta evolução – a Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) – ainda pouco reconhecida e, portanto, inadequadamente tratada quando ocorre em trabalhadores com LER/DORT.
CONCEITO
A Síndrome Dolorosa Miofascial é causa comum de dor aguda ou crônica, podendo estar associada a quadros de disfunção e incapacidade significativas. Apesar de comum em portadores de dores de origem musculoesquelética, muitos profissionais da área da saúde e doentes não a reconhecem. Os doentes são tratados como portadores de bursites, artrites, tendinites ou doenças viscerais, sem haver melhora do quadro clínico.
A SDM é definida como uma síndrome dolorosa de tecidos moles, localizada, caracterizada pela presença de um ponto desencadeante ou ponto-gatilho (PG) dentro de um músculo que, à palpação, resulta em sensibilidade local intensa e irradiação da dor dentro de regiões características para cada ponto. As características clínicas mais distintas dos PG consistem na presença de sensibilidade dolorosa circunscrita em um nódulo que é parte de uma banda muscular tensa palpável, reconhecimento (por parte do paciente) da dor reprodutível à pressão do ponto sensível, resposta de abalo muscular local (resposta contrátil local) e restrição dolorosa da amplitude de movimento articular. A dor provocada pela palpação do PG reproduz o padrão descrito pelo paciente, que pode corresponder à dor referida para músculos, tendões, fáscias e cápsulas articulares.
Confira o artigo completo na edição de dezembro da Revista Proteção.