.jpg)
Anjos da guarda
O fortalecimento da cultura de segurança entre as prestadoras terceirizadas está entre as importantes conquistas do `Programa Padrinho da Segurança da Ipiranga’, case que conquistou o Ouro na categoria `Gestão de Terceirizados em SST’ do Prêmio Proteção Brasil 2019. Com uma das maiores redes de distribuição de combustíveis em território nacional, a empresa desenvolveu um projeto específico para incluir em suas ações preventivas os terceirizados que prestam serviços na manutenção da imagem nos postos.
Quem levou a Prata na mesma categoria foi a Eldorado Brasil Celulose, com o projeto `Gestão de Parceria para Crescimento Forte’, que também obteve o título de Melhor Case da Região Centro-Oeste. Já o Bronze ficou com a Even Construtora e Incorporadora, com a implantação das `Ferramentas de Gerenciamento e Gestão de Terceiros’.
Zero acidente e maior consciência em Segurança e Saúde no Trabalho, especialmente na percepção dos riscos, são importantes conquistas do `Programa Padrinho da Segurança da Ipiranga’, case que obteve o Ouro na categoria `Gestão de Terceirizados em SST’ do Prêmio Proteção Brasil 2019. “Trata-se de uma iniciativa para fortalecer a cultura de segurança dos terceiros – prestadores de serviços de manutenção da imagem nos postos de combustíveis – que reforça as atitudes desejadas em SST e firma um compromisso com o bem-estar de todas as equipes”, ressalta o coordenador de Segurança e Meio Ambiente Comercial da empresa, o engenheiro químico e de Segurança do Trabalho Luiz Alberto Fraga Weingaertner.
A Ipiranga é uma empresa brasileira que teve início em 1937. Atualmente, está entre as maiores distribuidoras de combustíveis, com uma rede de cerca de 7.200 postos em todo o território nacional e quase 3 mil funcionários. Além de oferecer combustíveis e lubrificantes, possui duas marcas de franquias próprias: a rede de lojas de conveniência am/pm, que conta com mais de 2.400 unidades e detém a maior rede de padarias no País, com mais de 900; e o Jet Oil, unidade de serviços automotivos e troca de óleo com mais de 1.500 unidades.
“A criação do Padrinho da Segurança foi motivada pela necessidade de trabalhar com as empresas terceirizadas temas de SST a partir do nosso papel enquanto influenciadores e catalisadores da cultura de segurança”, explica o assessor de Segurança e Meio Ambiente Comercial, Rogério Lendimuth. Segundo ele, as empresas terceiras apresentavam vulnerabilidades no entendimento e na aplicação da segurança e a análise dos acompanhamentos dos trabalhos trazia uma mensagem forte referente à falta de cultura de SST, à frequente exposição ao risco de acidente e à falta de empoderamento da segurança. “Por essas razões, a área de Segurança e Meio Ambiente da Ipiranga optou por desenvolver um programa específico, com uma linguagem singular, que incluísse nossos terceiros”, relata.
Com uma nova abordagem para as ações de prevenção de acidentes junto aos terceiros, o Programa Padrinho da Segurança está inserido entre as ações do Programa de Segurança da Ipiranga, que tem quatro pilares – condições físicas, procedimentos, pessoas e cadeia de valor – e cujos objetivos são garantir a segurança das pessoas, proteger o meio ambiente e preservar o patrimônio da empresa. Luiz explica que, por meio da iniciativa, as empresas terceirizadas que executam serviços de manutenção da imagem nos postos nomeiam, entre seus funcionários, líderes das frentes de serviços, que ficam responsáveis pelo cumprimento de todas as rotinas de Saúde, Segurança e Meio Ambiente.
Os chamados padrinhos possuem a função de engajar os demais trabalhadores das unidades para que tenham a percepção dos riscos, analisando com objetividade e clareza as principais falhas e medidas de controle em suas atividades e fazendo com que elas sejam executadas com segurança. “O empoderamento do padrinho no cumprimento genuíno das rotinas de segurança constitui uma ferramenta salva-vidas e representa um grande benefício à empresa, pois está direcionado à prevenção de acidentes em atividades rotineiras e de alto risco”, ressalta.
PILOTO
“A partir da escolha dos terceiros, mergulhamos em seu universo e desenhamos um projeto gamificado, que não oferecesse somente ferramentas de SSMA. Nossa proposta foi oferecer as ferramentas, acompanhar seu uso, com coaching para as lideranças das empresas, para que apoiassem e entendessem a importância do uso de cada ferramenta”, observa. O projeto-piloto teve início em São Paulo com um workshop em junho de 2018 e a participação de 19 padrinhos das terceiras Alvor e Quality.
Os padrinhos designados para o cuidado coletivo receberam capacitação sobre liderança em SST, percepção de risco e cuidado ativo. A partir do treinamento, ficaram habilitados a executarem alguns procedimentos de segurança que fazem parte do programa, como, por exemplo, aplicar o DDS (Diálogo Diário de Segurança) antes de iniciar a mobilização dentro do posto. Para esta etapa, contaram com 30 temas fundamentais de alerta para o fortalecimento da percepção de risco.
Outras tarefas para as quais os padrinhos foram habilitados são preencher e discutir a respeito da permissão de trabalho em altura, assim como elaborar o check list veicular, com o objetivo de validar as condições do veículo, principalmente quando este é utilizado como plataforma para a execução do serviço. Também dentro da rotina da frente de serviço, foram orientados à utilização do Manual Faça e Não Faça, com detalhamento da condição padrão aceitável “sempre” e condição inaceitável de risco “nunca”. Por meio de pontuações, somadas pelos apontamentos de situações de risco ou sugestões de melhorias, houve reconhecimento mensal dos melhores padrinhos em evento de premiação.
No balanço geral sobre as iniciativas de SST implementadas ao longo dos quatro meses do projeto-piloto, destacam-se os Cadernos de Campo, criados para gerenciar as rotinas de trabalho em altura, segurança do veículo e fomentar a prática do DDS, além de conscientizar sobre os riscos críticos relacionados com as atividades. Os principais resultados somaram 967 permissões de trabalho; 807 DDS; 188 check lists veiculares; 10 visitas de coach durante a execução dos serviços para suporte, apoio e verificação do trabalho do padrinho; e 20 horas de treinamentos de percepção de risco nas empresas. Atualmente, por causa de seus resultados satisfatórios, o projeto está sendo estendido a todas as regiões do Brasil, abrangendo mais de 200 terceiros diretos e mil pessoas indiretamente.
ELDORADO BRASIL CELULOSE
Segurança no transporte de madeira
A redução do número de acidentes no transporte de madeira, a manutenção da frota nova e revisada, o aumento da produtividade e o alinhamento das empresas parceiras às propostas de Segurança e Saúde do Trabalho são motivos de comemoração na Eldorado Brasil Celulose. A empresa conquistou o título de melhor case da Região Centro-Oeste e a Prata na categoria `Gestão de Terceirizados em SST’ do Prêmio Proteção Brasil 2019 com o projeto `Gestão de Parceria para Crescimento Forte’. “A estratégia utilizada nos trouxe ótimos resultados em gestão de recursos humanos e materiais, especialmente quanto à segurança, que mostrou importante redução nas taxas de frequência e gravidade de acidentes”, ressalta o engenheiro de Segurança do Trabalho da empresa Milton Luiz Favero Júnior.
Inaugurada em 2012, a Eldorado Brasil tem como principais produtos e serviços a produção e a venda de celulose branqueada de eucalipto e exporta para países da América Latina, América do Norte, Europa e Ásia. A fábrica da companhia, localizada em Três Lagoas/MS, superou a marca de 1,7 milhão de toneladas produzidas ao ano. Para dar suporte à robusta operação, a empresa conta com o trabalho de mais de 4 mil pessoas. As operações de logística florestal de transporte intermunicipal, interestadual e internacional de madeira iniciaram-se em 2012 com caminhões terceirizados. Em 2013, começou o processo de primarização. Hoje, são 70 caminhões próprios e 181 de terceirizadas.
“Quando se trata da administração de empresas terceirizadas, existem diversas características que abrangem um contrato, como questões previdenciárias, trabalhistas, tributárias, requisitos técnicos, de Segurança do Trabalho e ambiental, que, por sua vez, exigem das empresas contratadas uma gestão efetiva de controle para desempenho adequado”, observa Milton. Nesse contexto, em 2015, a Gerência do Transporte de Madeira da Eldorado Brasil identificou a necessidade de definir, junto com as transportadoras, estratégias que possibilitassem aumento de produtividade focadas na prevenção de acidentes, pois os indicadores eram alarmantes no que se referia à segurança na operação.
O engenheiro relata que muitos desses acidentes estavam relacionados à falta de gestão de segurança das empresas terceirizadas. Diante desse contexto, no final de 2015, foi proposta uma reformulação da área. O primeiro passo foi a identificação das falhas e causas que estavam levando ao grande número de acidentes. No início de 2016, a área de SST da empresa, junto com a área operacional do Transporte de Madeira, iniciou o processo de mudança para todas as empresas que atuavam na operação de transporte, que, no período, abrangiam 45 transportadoras e mais de 600 motoristas. Foi criado, então, o plano estratégico baseado no fluxograma Análise de Processo e Análise de Fenômeno. Também foi necessária a criação de um novo contrato para adequar juridicamente cada mudança proposta.
MAPEAMENTO
Os próximos passos foram padronizar os procedimentos de SST, com a criação do Manual de Qualificação em Saúde e Segurança do Trabalho para Parceiros, e, então, capacitar os trabalhadores. Antes do início das operações de transporte, passou a ser feito o mapeamento de risco pela equipe operacional juntamente com a área de SST, com as definições dos trajetos a serem percorridos, bem como a identificação dos pontos de riscos de acidentes e das medidas a serem tomadas.
Também entre as ações implementadas, consta a NS (Notificação de Segurança), para registro documental às empresas sobre a conduta de seus motoristas. Trata-se da principal ferramenta para avaliação dos itens de segurança no IVC (Índice de Verificação Contratual) e importante recurso de avaliação operacional e de segurança dos parceiros. Também foi desenvolvido um guia de bolso e uma sistemática para desestimular o sono. Outro fator causador dos acidentes identificado que vem sendo combatido por meio de técnicas específicas é a distração.
Por sua vez, o Pit Stop, inspeção veicular feita por empresa e profissional qualificados logo na saída da balança da fábrica e antes do início de um novo carregamento, surgiu da necessidade de avaliar os implementos utilizados na operação do transporte de madeira e de detectar possíveis condições perigosas e métodos inadequados de trabalho. Outra ação periódica importante é a Route 66, voltada à vistoria geral nos veículos e nos EPIs dos motoristas.
“Todo o processo de gestão estratégica para parceiros trouxe, ano a ano, resultados positivos e aprendizados entre as transportadoras parceiras e o Transporte de Madeira, tornando-se referência para outros setores da empresa”, ressalta Milton. Do ponto de vista dos acidentes de trabalho, os números também são animadores: do início das ações até o momento, há redução superior a 94% na taxa de acidentes por metro cúbico de madeira transportado por terceiros, com zero fatalidade e zero afastamento.
EVEN CONSTRUTORA E INCORPORADORA
Prevenção nos canteiros de obras
A redução significativa dos riscos e dos acidentes ocupacionais e a melhoria da produtividade e da qualidade nos canteiros de obras, assim como maior segurança jurídica, estão entre os principais ganhos apontados pela Even Construtora e Incorporadora a partir da implantação das `Ferramentas de Gerenciamento e Gestão de Terceiros’. O case conquistou o Bronze na categoria `Gestão de Terceirizados em SST’ do Prêmio Proteção Brasil 2019. “Nossa principal motivação foi a necessidade de uma ação prevencionista para a redução contínua de acidentes envolvendo terceirizados. Para nós, é uma grande vitória, considerando os riscos comuns na indústria da construção, saber que todos os nossos colaboradores vão voltar para suas famílias e poderão continuar vivendo e trabalhando com saúde”, afirma o gerente de Segurança do Trabalho e Qualidade da empresa, Jorge Luís de Deus Pinto.
Com atuação concentrada nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, a Even conta com 468 funcionários próprios e 1.500 terceirizados em São Paulo, onde fica sua sede. “A empresa atua com mão de obra de produção terceirizada, na qual existe alta rotatividade dentro dos canteiros de obras devido à especialização em cada etapa da construção”, relata Jorge. Nesse cenário, complementa, um ponto significativo encontrava-se no processo de homologação dos fornecedores, que era 100% centralizado com Suprimentos e Qualidade, com apenas uma participação eventual do SESMT. “Isso corroborava para que problemas voltados à SST fossem apresentados no futuro”, complementa.
Outra oportunidade de melhoria foi relativa ao déficit em relação à análise crítica da documentação, porque toda ela estava sendo apresentada em arquivo físico e a incumbência pela análise crítica era exclusiva do administrativo da obra, que, além das suas atividades diárias, tinha que fazer a liberação desses colaboradores. “Além do processo se tornar burocrático, o profissional designado não possuía conhecimento técnico completo para análise crítica dos documentos que devia ser feita em função do reconhecimento dos riscos associados às funções dos colaboradores, suas atividades, seu ambiente de trabalho e medidas de controle cabíveis para a eliminação e mitigação dos referidos riscos, inclusive a análise do PPRA e PCMSO dos terceiros”, relata.
Outra situação preocupante estava associada ao controle de vencimento dos documentos, como certificados das NRs 10 (Eletricidade) e 35 (Altura) e o ASO (Atestado de Saúde Ocupacional). “O processo de controle de documentos administrados em planilha no Excel era um obstáculo para geração de dados estatísticos e direcionamento de treinamentos específicos voltados à promoção da saúde e integridade física dos colaboradores e suas funções”, explica. Outro processo difícil era o atendimento às solicitações da área jurídica quando solicitadas documentações para defesas em processos trabalhistas, porque a documentação era mantida de forma física na obra.
MELHORIAS
Assim, visando à melhoria contínua dos processos e o controle de perigos e riscos no canteiro de obra, foi criado um modelo estrutural para gestão de fornecedores. Esse modelo envolve a homologação de fornecedores com assertividade e participação efetiva da SST, a gestão das documentações e da capacitação de todos colaboradores, a gestão dos equipamentos utilizados e das atividades de riscos intoleráveis, o monitoramento das rotinas estabelecidas após acesso aos canteiros através de check list eletrônico e visitas programadas e a análise de dados pela direção.
Especificamente com relação à etapa da gestão das documentações e da capacitação, foi desenvolvido o GDFOR (Gestão de Documentos de Fornecedores). Nesse sistema, é feita a gestão dos documentos dos colaboradores próprios e terceirizados de forma eficiente e totalmente automatizada. Por meio do Portal do Fornecedor, disponibilizado no sistema, o prestador de serviço digitaliza os documentos de seus colaboradores, que são compartilhados automaticamente com o SESMT Even. Após análise crítica da equipe de Segurança do Trabalho, os documentos são aprovados ou reprovados, garantindo que as exigências trabalhistas de documentação sejam cumpridas. Considerando as necessidades da companhia e a legislação vigente, o acesso do colaborador à obra é ou não liberado por meio de catraca eletrônica.
Entre os ganhos obtidos a partir do modelo estrutural, constam: 100% dos fornecedores são homologados e treinados com apoio do SESMT; 100% dos colaboradores em todos os canteiros de obras da Even têm documentação aprovada; redução em mais de 45% da taxa de frequência de acidentes nos últimos três anos; mais de 6 mil documentos analisados mensalmente; zero multa e embargo da Auditoria Fiscal do Trabalho envolvendo equipamentos e pessoas nos últimos dois anos.