Sudeste

De olho no maior pólo

Região concentra grande número de indústrias e trabalhadores liderando os acidentes no país

Abrigando as maiores montadoras e siderúrgicas do país, o Sudeste é responsável por mais da metade da produção econômica do Brasil. Em virtude desse alto desenvolvimento, a Região, que contempla os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, contabiliza o maior número de trabalhadores inseridos no mercado profissional. Conforme os últimos dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), 20.386.019 pessoas estavam devidamente empregadas em 2008. Desses profissionais, 57,45% (11.713.163) se encontravam no mercado de trabalho de São Paulo, principal centro industrial do país.

Com uma produção diversificada, o estado paulista conta com empresas da área metalúrgica, mecânica, têxtil, automobilística e autopeças, de equipamentos mecânicos, eletrônicos, de telecomunicações, produtos químicos, plásticos, álcool, aviação, alimentos, entre outros. “Desfrutamos de um extenso mercado industrial, o que é bom para a economia, mas que, por outro lado, exige um cuidado redobrado para as medidas de segurança”, ressalta o auditor fiscal da SRTE/SP, João Batista Amâncio.

No último ano foram registrados 263.613 acidentes de trabalho em São Paulo, o que representou 35,2% dos agravos do Brasil (747.663). “A maioria desses acidentes ocorre dentro da indústria da transformação, principalmente com funcionários terceirizados. Percebemos que houve um aumento na terceirização dos serviços dentro desse segmento produtivo, sendo que isso geralmente é feito nas atividades de maior risco”, avalia Amâncio. Além desse segmento econômico, a construção civil, o transporte (com destaque para os motoboys), a produção de café e de cana-de-açúcar são responsáveis por grande parte desse número de agravos.

Conforme a média de acidentes de trabalho no estado paulista nos últimos 19 anos, ocorrem 2.535 acidentes para cada 100 mil trabalhadores, sendo essa a maior média entre os estados da Região Sudeste e a segunda mais alta do país, ficando atrás apenas de Santa Catarina que contabiliza uma média de 2.661 acidentes para cada 100 mil trabalhadores. No que se refere ao número de óbitos, o Espírito Santo pode ser considerado o estado do Sudeste com o maior índice de mortalidade relacionada ao trabalho. A cada 10 mil acidentes, 151 trabalhadores perdem suas vidas.

No Rio de Janeiro esse índice é um pouco menor: 101 mortes para cada 10 mil acidentes. O Estado também apresenta a menor média do Sudeste em acidente por trabalhador: 978 infortúnios para cada 100 mil trabalhadores. Segundo o auditor fiscal da SRTE/RJ Luiz Carlos Lumbreras, uma parcela dessas ocorrências está na indústria naval e petrolífera. “Ambas as atividades possuem peculiaridades que, por não terem uma regulamentação específica em SST, acabam gerando acidentes”, salienta.

Já em Minas Gerais a maioria dos acidentes do trabalho ocorre na área mineral, principal fonte econômica do Estado. “O extrativismo mineral é responsável pela maior taxa de mortalidade de Minas, assim como das doenças ocupacionais entre os trabalhadores, sendo que essa realidade começou a ser mais bem visualizada após a implantação do NTEP. Muito disso dá-se pelo despreparo das empresas no que tange à SST. É comum encontrarmos nesses locais de trabalho máquinas e equipamentos inadequados, entre outras irregularidades”, afirma o auditor fiscal da SRTE/MG, Mário Parreiras de Farias.

Para compensar o estresse diário dos que atuam no setor elétrico, a CPFL Energia S/A, de São Paulo, apostou na qualidade de vida de seus trabalhadores. Com o programa Qualidade de Vida no Trabalho, reconhecido pelo Prêmio Proteção Brasil 2009 como o Melhor Case da Região Sudeste, a concessionária demonstrou que é possível levar motivação e saúde aos seus colaboradores.